[...]
Os fatos que constituem o objeto do espiritismo não são sobrenaturais, nem
mesmo extraordinários, senão porque escapam à observação dos que não sabem
vê-los; eles são naturais, como tudo quanto existe no Universo; são comuns,
ordinários e até freqüentes. Mas para os ver, os observar, aprender a notá-los
e os reconhecer, quando e onde quer que se apresentem, era preciso, descobrir o
instrumento capaz de os registrar, tornando-os evidentes e palpáveis. Esse
instrumento é o Médium. [...] (do livro Ciência Espírita, de Antônio Pinheiros
Guedes; 8a ed., p. 41-42, 1992).
De
acordo com o texto acima do médico-espiritualista, Dr. Antônio Pinheiro Guedes
(1842-1908), o médium é o instrumento que pode ser usado na observação e nos
registros dos fenômenos espíritas.
A metodologia mediúnica vem sendo utilizada desde a Antiguidade e, ainda hoje, é a única que realmente prevalece; mas, por ser ela essencialmente pessoal, subjetiva, os cientistas têm dificuldades em aceitá-la, pois não a acham confiável.
Mas a despeito disso, muitos cientistas já registraram suas observações sobre fenomenologia espírita usando médiuns como ferramenta desse estudo. Esse foi o caso do Dr. Paul Gibier (1895-1900) – médico-bacteriologista francês que foi Diretor da sucursal do Instituto Pasteur em Nova York. Gibier se interessou por pesquisa psíquica em 1885; e, durante 10 anos, fez experimentos tanto no seu laboratório como na sua casa de campo em Nova York usando como médium uma mulher conhecida como Sra. Salton. Ele confirmou a realidade da fenomenologia psíquica e tinha decidido levar essa médium consigo para a França, Inglaterra e Egito, quando inesperadamente foi morto em um acidente. No dia anterior a sua morte, ele havia relatado à sua mulher, em tom jocoso, que havia sonhado que ia morrer. Dr. Gibier escreveu dois livros desse trabalho experimental que desenvolveu com a Sra. Salton: Spiritism or Eastern Faquirism, em 1886; The Analysis of Things Existing[*], em 1890.
A metodologia mediúnica vem sendo utilizada desde a Antiguidade e, ainda hoje, é a única que realmente prevalece; mas, por ser ela essencialmente pessoal, subjetiva, os cientistas têm dificuldades em aceitá-la, pois não a acham confiável.
Mas a despeito disso, muitos cientistas já registraram suas observações sobre fenomenologia espírita usando médiuns como ferramenta desse estudo. Esse foi o caso do Dr. Paul Gibier (1895-1900) – médico-bacteriologista francês que foi Diretor da sucursal do Instituto Pasteur em Nova York. Gibier se interessou por pesquisa psíquica em 1885; e, durante 10 anos, fez experimentos tanto no seu laboratório como na sua casa de campo em Nova York usando como médium uma mulher conhecida como Sra. Salton. Ele confirmou a realidade da fenomenologia psíquica e tinha decidido levar essa médium consigo para a França, Inglaterra e Egito, quando inesperadamente foi morto em um acidente. No dia anterior a sua morte, ele havia relatado à sua mulher, em tom jocoso, que havia sonhado que ia morrer. Dr. Gibier escreveu dois livros desse trabalho experimental que desenvolveu com a Sra. Salton: Spiritism or Eastern Faquirism, em 1886; The Analysis of Things Existing[*], em 1890.
Além de
Paul Gibier, outros cientistas, vários intelectuais e escritores também
investigaram fenômenos sobre a vida do além-túmulo fazendo uso de médiuns.
Vários nomes famosos estão incluídos nesse grupo; dentre eles podemos citar
entre muitos outros: o famoso físico-químico William Crookes; o conhecido
escritor inglês Arthur Conan Doyle que foi o criador do personagem Sherlock Holmes;
o astrônomo e escritor francês Camille Flamarion; o jornalista húngaro, autor
de uma enciclopédia sobre fenômenos psíquicos, Nando Fodor, etc.
Por
outro lado, alguns médiuns também se tornaram mundialmente conhecidos por terem
prestado seus serviços mediúnicos a pessoas famosas; é esse o caso de Teocléia
que, na época em que viveu Pitágoras na Grécia Antiga, era sacerdotisa do
Templo de Delfos; Eusapia Palladino, a primeira médium que trabalhou durante
mais de 20 anos com vários cientistas psíquicos na Europa e na América;
Florence Cook, que foi o instrumento mediúnico com o qual William Crookes fez
seus experimentos, e muitos outros ainda.
Felino
Alves de Jesus em seu livro Trajetória evolutiva afirma que só se dá a um
indivíduo a denominação de médium, quando ele possui mediunidade de
incorporação, isto é, aquela mediunidade em que o espírito desencarnado,
aparentemente, se apossa do corpo do ser encarnado.
Nesse
tipo de mediunidade, os espíritos utilizam-se de alguns órgãos dos médiuns;
fazendo-se uma analogia entre um médium e uma vitrola, para se ouvir a música
do disco que se encontra nela, é indispensável que seja feita uma ligação entre
ela e um alto-falante; há para isso um botão que quando acionado faz com que se
ouça a música.
Nessa
analogia, o médium é o alto-falante e, sua vontade, é o botão que aciona esse
alto-falante; logo, sem a permissão do médium, nenhum espírito poderá atuar,
isto é, manifestar seus pensamentos.
Os
médiuns ignorantes e não disciplinados que se deixam atuar pelos espíritos do
astral inferior, ou seja, aqueles que continuam vagando na atmosfera da Terra,
terminam por se tornar escravos dessas forças inferiores.
Já os
médiuns do Racionalismo Cristão são disciplinados e, quando já têm uma certa
experiência, não se deixam incorporar pelo astral inferior; eles o mantêm a
distância; filtram e organizam o pensamento desses espíritos antes de
transmiti-los; ao fazer isso, sua voz é emitida normalmente, pois ele não se
deixou incorporar.
A
incorporação é, no entanto, obrigatória quando os médiuns que militam na
Doutrina racionalista cristã recebem o Astral Superior; o bom instrumento
mediúnico deve servir somente de aparelho transmissor para o Astral Superior;
nesse caso, nada, absolutamente nada deve ser filtrado. O bom médium é aquele
que serve o Astral Superior como um instrumento dócil.
E qual
seria o órgão do médium que seria o responsável pela captação do pensamento dos
espíritos?
Esse
assunto foi desdobrado no volume 1 do nosso livro Racionalismo Cristão e
ciência experimental onde, através de argumentações racionalistas cristãs,
teorizamos ser esse órgão a glândula pineal (ver na Bibliografia: "A
captação do pensamento dos espíritos pelos médiuns").
A
glândula pineal, também denominada de órgão pineal, epífise neural, ou
simplesmente pineal é uma estrutura única e muito pequena localizada no
cérebro; ela participa na regulação endócrina da reprodução, do sistema
imunológico e da organização dos ritmos biológicos, atuando como mediadora
entre o ciclo claro/escuro ambiental e processos fisiológicos tais como
sono/vigília, atividade/repouso, entre outros. Ela é facilmente visível em
radiografias; por isso, até recentemente muitos afirmavam que a glândula estava
calcificada e era uma estrutura em involução.
Atualmente
devido a sua importância em cronobiologia, a pineal tem sido muito estudada;
assim, foi demonstrado que ela não se calcifica; e, sim, forma cristais de
apatita: um mineral incolor composto por fosfato de cálcio que contém urânio em
seu interior e, que tem sido muito estudado no Instituto de Física da
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). (ver "Retrato do
Passado", na Bibliografia.)
A
pineal está localizada praticamente no centro do cérebro e na altura dos olhos;
ela está numa área cheia de líquido, por ser recoberta por uma lâmina de tecido
corioide do terceiro ventrículo; local esse que, da mesma forma que em outros
ventrículos cerebrais, circula o liquor cérebro-espinhal.
Segundo
o físico-espiritualista, Dr. Valdir Aguilera, os pensamentos são irradiações
ondulatórias produzidas por vibrações do espírito, encarnado ou desencarnado;
ele não se propaga por ondas eletromagnéticas e sim através de ondas
vibratórias. E o ambiente líquido onde a pineal está localizada de certa forma
facilitaria a captação dessas ondas vibratórias.
Por
outro lado, os cristais de apatita que essa glândula contém são capazes de
captar campos eletromagnéticos. É provável que seja então a interação desses
dois fatores que fazem a pineal atuar como uma verdadeira antena vibrátil; e
essa antena será tanto mais sensível quanto maior for o seu conteúdo de
apatita.
É comum
ouvirmos que todos os seres humanos são médiuns; isso certamente procede em
relação à mediunidade intuitiva, mas não a outros tipos de mediunidade, como é
o caso da modalidade de incorporação. Assim, tem sido verificado em necropsias,
que somente determinadas pessoas possuem uma quantidade significantemente maior
de cristais de apatita em suas pineais. Embora essa correlação ainda não tenha
sido feita experimentalmente, acreditamos que nesse grupo de pessoas estejam os
médiuns de incorporação.
Mas,
qual seria a substância química responsável por levar ao conjunto dos órgãos da
fala, o aparelho fonador do médium, os pensamentos que estão sendo captados pela
antena pineal?
Acreditamos
que esse transmissor seja um hormônio que também é secretado pela pineal – a
melatonina.
A
melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina) foi o primeiro composto biologicamente
ativo identificado na pineal; ela resulta do metabolismo de um outro conhecido
neurotransmissor – a serotonina.
A
síntese da melatonina é controlada pelo Núcleo Supraquiasmático (NSQ), uma
estrutura hipotalâmica que é considerada nos mamíferos como o Relógio Biológico
Mestre.
As
fibras nervosas da retina captam a luminosidade do ambiente e transmitem essa
informação ao NSQ; este, na ausência de luz, ativa a síntese da melatonina
justificando assim o nome de "hormônio da escuridão" pelo qual a
melatonina é também conhecida.
Foi
baseado nesse conhecimento que procuramos explicar por que as comunicações
dadas pelo Astral Superior através dos médiuns no Racionalismo Cristão ocorrem
principalmente no período noturno e na semi-obscuridade (ver "A captação
do pensamento dos espíritos pelos médiuns" para mais detalhes).
Várias
substâncias presentes em plantas e cogumelos e que produzem alucinações são
estruturalmente relacionados com a melatonina. Esse é o caso, por exemplo, das
plantas Banisteriopsis caapi e da Psycotria viridis sendo a primeira um cipó
gigante também conhecido como Ayahuasca.
Os
alucinógenos vêm sendo usados desde tempos remotos em numerosas culturas,
avançadas e primárias, como parte de rituais religiosos e cerimônias mágicas.
O
estudo adequado da farmacologia dos alucinógenos não é fácil de ser feito.
Geralmente eles são usados na forma de chá ou de uma beberagem obtida de
plantas que possuem vários princípios ativos com muitas ações diferentes. Além
disso, o seu manejo experimental é dificultado também por leis restritas;
atualmente os alucinógenos estão classificados na chamada "Lista 1 do
Convênio de Substâncias Psicotrópicas", um lugar reservado pela
Organização das Nações Unidas, para substâncias muito perigosas para a saúde
pública.
Porém, essas substâncias não
passaram desapercebidas aos cientistas que têm demonstrado muito interesse em
estudar seus efeitos. Isso se
justifica tanto porque elas alteram a organização da mente humana como, também,
pela freqüente ocorrência dos mesmos efeitos produzidos por elas em certas
síndromes psicóticas. Por isso, os alucinógenos podem ser usados como uma
excelente ferramenta para estudar o cérebro e descobrir as causas dessas
psicoses.
A
esquizofrenia é uma dessas psicoses; grande parte dos seus sintomas, tais como,
o delírio paranoide (o doente acredita que conspiram contra ele) e as
alucinações (ouvir vozes), sob o ponto de vista do Racionalismo Cristão nada
mais são do que manifestações mediúnicas decorrentes da dominação do paciente
pelos espíritos obsessores.
Esse
tema foi analisado em "Esquizofrenia: dualismo entre materialismo e
espiritualismo"; e, consta do volume 2 da nossa coletânea de livros
"Racionalismo Cristão e Ciência Experimental" (ver Bibliografia).
O
possível papel da glândula pineal na mediunidade de incorporação que acabamos
de expor acima, poderia tornar a metodologia mediúnica mais confiável (e,
palatável...) para a ciência materialista, dada a aceitar somente fenômenos
mensuráveis; e, medir o teor de apatita e de melatonina na glândula pineal, são
coisas que podem ser feitas facilmente.
Essa
comprovação experimental poderá servir não somente para confirmar a existência
do fenômeno mediúnico, mas também para caracterizar as diferentes modalidades
de mediunidade existentes.
Esse é
um assunto realmente apaixonante e esperamos que ainda seja explorado
devidamente por pesquisadores racionalistas cristãos; e, embora um projeto de
pesquisa como esse seja obrigatoriamente multidisciplinar, sem dúvida nenhuma,
ele é factível.
Bibliografia
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Nota dos Editores: Há tradução ao português desses dois livros, sob os títulos:
O espiritismo (O faquirismo ocidental), FEB, Rio de Janeiro, 1956; e Análise
das coisas, FEB, Rio de Janeiro, 1947.
Mediunidade de incorporação e
a glândula pineal
Por Dra. Glaci Ribeiro da Silva
Fonte:
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