[...] Os planetas que giram em torno do Sol, são outros tantos mundos; portando, outras tantas escolas, para onde e por onde o espírito terá que passar na sua marcha evolutiva para a perfeição – o Grande Foco, sua fonte de origem. [...] (Pinheiro Guedes, em seu livro Ciência Espírita; 8ª ed., p. 181, 1992).

Homeopatia: revendo conceitos - Por Dra. Glaci Ribeiro da Silva

Pai e Filhos

Eis aqui o que geralmente os filhos pensam do pai:

-aos sete anos: — Papai sabe tudo! Ele um sábio!

-aos quatorze anos: — Acho que o papai muitas vezes se engana naquilo que diz.

-aos vinte anos: — Papai está um pouco atrasado em suas teorias. Ele não é desta época!

-aos vinte e cinco: — O “velhonão sabe nada... Realmente está caducando...

-aos trinta: — Talvez fosse bom discutir esse assunto com o “velho”... Talvez ele possa me aconselhar.

-aos quarenta e cinco: — Pena que o pobrevelho” tenha morrido! Na verdade, ele tinha uma clarividência notável.

-aos sessenta: — Pobre papai, ele era um sábio! Lastimo tê-lo compreendido tão tarde!”
(Transcrito de um quadro que meu Pai tinha em seu consultório.)
Por Glaci Ribeiro da Silva

Casa Racionalista Cristã de Campinas - Biografia
Ser uma pessoa questionadora nem sempre é um defeito. Quem contesta analisa previamente os fatos; não os aceita simplesmente, passivamente. Essa aceitação, sim, é um defeito que denota falta de maturidade e personalidade.

Mas essa análise prévia nem sempre é feita pelos jovens; para eles, contestação é sinônimo de rebeldia que, embora nem sempre seja saudável, é necessária para sua auto-afirmação. O questionamento no jovem faz parte integrante do seu rito de passagem para o mundo dos adultos. E as idéias que por eles são defendidas tão aguerridamente nessa fase da vida nem sempre são mantidas durante a maturidade. A atitude saudável é sempre revê-las, conservando somente aquelas que passarem pelo crivo da mente amadurecida.

Nas aulas de Farmacologia (do grego, phármakon, substância química usada como medicamento e, logia, estudo) que tive durante meu curso médico, os professores punham muita ênfase em demonstrar cientificamente e, através de uma lógica inquestionável (mais adiante explicarei que lógica era essa), a total ineficiência da terapia homeopática. Isso foi muito enfatizado na época por se encontrar entre os estudantes uma farmacêutica, uma senhora de quase sessenta anos, dona de uma famosa farmácia homeopática em São Paulo, que decidira estudar medicina.

Meu Pai era médico e tinha seu consultório na mesma casa onde morávamos, num bairro da periferia de São Paulo. Ele fazia Clínica Geral, ou seja, era Generalista como se diz atualmente. E, muitas vezes, usava a homeopatia, principalmente no tratamento de crianças. E eu, com a arrogância e prepotência típica dos jovens, sempre contestei essa sua conduta; mas ele sorria e, calmamente, continuava tratando seus pequenos clientes pela homeopatia. Ele usava também na sua clínica a fitoterapia, baseando-se em ensinamentos que o Racionalismo Cristão divulgava para orientar pessoas que não tinham acesso a tratamento médico.

Recentemente, fiz uma análise desse antigo receituário do Racionalismo Cristão à luz da ciência atual. (1) Neste artigo, pretendo analisar a homeopatia para rever meus conceitos de jovem acadêmica; além disso, quero assinalar possíveis pontos de contato entre a ciência homeopática e a doutrina racionalista cristã.

[Ver o capítulo “O receituário do Racionalismo Cristão e a ciência médica atual”, que se encontra no primeiro volume de Racionalismo Cristão e ciência experimental. Cotia: Íbis, 2004. p. 119-128.]

Não pretendo contar aqui toda a história da Medicina, mas, sim, selecionar dela os fatos mais importantes para mostrar como surgiu a ciência homeopática. E para isso devemos nos remeter ao passado, buscando na Grécia Antiga a semente desta modalidade médica. E ali a encontraremos nas idéias de Hipócrates.

Hipócrates (460-375 a.C.) foi o fundador da escola de Cós, na ilha onde nasceu. Ele interpretava as doenças dentro do quadro específico que era peculiar a cada paciente; para ele, não havia doenças, mas, sim, doentes; as reações de defesa dos pacientes eram respeitadas e nelas ele baseava sua terapêutica.

Sendo um exímio observadorqualidade imprescindível de um bom médico – e, analisando as pessoas que o procuravam em busca de ajuda, ele classificou os princípios curativos que usava para sanar os males de seus pacientes em três tipos principais:

1.Vis medicatrix naturae: assim era chamada a Força da Natureza. Essa força teria o poder de acionar os mecanismos de defesa do organismo (leia-se, o sistema imunológico) sem nenhum auxílio exterior. Nesse caso, a conduta do médico deveria ser de espera, pois a própria natureza encontraria os caminhos e meios para restabelecer o equilíbrio perdido (ou seja, a homeostasia).

2. Contraria contrariis curantur: aqui se encontra a base da terapia medicamentosa, que mais tarde foi chamada alopatia; nela, as doenças deveriam ser tratadas pelos seus contrários, os seus antagonistas – os remédios. A farmacopéia hipocrática compunha-se de mais de 300 remédios, a maioria vegetais, com propriedades purgativas, eméticas, diuréticas, sudoríferas, anti-inflamatórias, etc.

3. Similia similibus curantur: foi essa a base da homeopatia, segundo a qual, o tratamento deveria ser feito com substâncias semelhantes àquelas que produziam a doença. Dava-se muita importância à alimentação saudável, aos exercícios físicos, às massagens e aos banhos, principalmente os de mar. No dizer de Hipócrates:  “A doença é produzida pelos semelhantes e, por estes, o doente retorna à saúde. Deste modo, o que provoca a estrangúria(2) que não existe, cura a que existe. A tosse, assim como a estrangúria, é causada e curada pelo mesmo agente.”

(2) Palavra de origem latina usada na antiga medicina que significa eliminação urinária vagarosa (oligúria) e acompanhada de dor (disúria).

Embora os termosalopatia” e “homeopatia” tenham sido dados por Samuel Hahnemann muitos séculos mais tarde como sinônimo respectivamente de Contraria contrariis curantur e de Similia similibus curantur, a fim de simplificar passo a usá-los a partir de agora para substituir essas expressões latinas.

Aristóteles, discípulo de Platão e considerado o maior filósofo grego (embora tenha nascido na Macedônia), foi o primeiro a reconhecer a unidade corpoalma. Dizia ele: “Toda a realidade tende à perfeição, possuindo em si mesma um princípio ativo capaz de conduzi-la à perfeição”. Segundo os seguidores da homeopatia esse dito denota que também Aristóteles acreditava na Força da Natureza.

Hipócrates foi o iniciador da terapêutica e dos fundamentos da clínica médica. Com justa razão ele é considerado o "pai da medicina".

A influência hipocrática persistiu ativa até pouco depois da decadência da Grécia. Durante todo o período em que Roma dominou o mundo , houve uma estagnação da ciência médica, uma decorrência direta da filosofia de vida desse povo ocidental que sempre esteve mais preocupado em manter sua unidade territorial e aumentar seus domínios.

Na Era Cristã, surgiu Galeno (138-201), a primeira grande figura médica da época. Formado na tradição hipocrática, ele foi o líder da escola de Cnido. Ele defendia uma fisiologia bem mais elaborada e, ao contrário do que acreditava Hipócrates, concebia a alma como somática, pertencente ao corpo, ou seja, material como ele. Na verdade, Galeno tinha concepções filosóficas e condutas médicas completamente opostas às da escola de Cós. Para a escola de Cnido, havia doenças a serem tratadas e, para a escola de Cós, havia doentes e não doenças.

A terapêutica de Galeno era alopática e sua característica marcante é o polifarmacismo, ou seja, o uso de remédios, de medicamentos ou substâncias ativas. O modelo médico galênico persistiu por quinze séculos e foi adotado tanto pelos médicos cristãos quanto pelos islâmicos. A cristianização do Ocidente, com sua nova concepção da vida e da morte e a sacralização do cadáver, resultou numa quase total estagnação dos conhecimentos médicos. Essa situação manteve-se inalterada até fins do século dezoito, quando houve uma mudança significativa nesse panorama, com o surgimento da homeopatia.

A Alemanha foi o berço da homeopatia e o seu criador foi Christian Friederich Samuel Hahnemann (1755-1843), um médico nascido na Saxônia, que na época fazia parte do Império Germânico. Desde a infância ele mostrou uma enorme fome de saber; foi alfabetizado por seu pai, e deve a ele preciosos ensinamentos, tais como: — Nunca se deve ouvir ou aprender sem questionar. E mais: — Deve-se sempre pensar por si próprio.

Seu pai foi contrário à continuidade de seus estudos, pois a família era pobre; mas, diante da excepcional capacidade do garoto, seus mestres conseguiram a autorização paterna para que ele seguisse estudando mediante uma bolsa de estudos.

Hahnemann foi muito influenciado pelos filósofos pré-cristãos, especialmente por Hipócrates, Platão e Aristóteles. Tinha também um grande amor pela botânica, o que posteriormente motivou seu interesse pelas propriedades curativas de várias plantas.

Durante sua graduação em medicina, ele se auto-impôs estudar química e microscopia, que na época não faziam parte do currículo médico. Tinha muita facilidade em aprender línguas e com a idade de vinte e dois anos além do alemão, sua língua mãe, era mestre em grego, latim, inglês, francês, italiano, hebreu, sírio, árabe e espanhol. Isso lhe foi muito útil, pois pôde traduzir para o alemão livros médicos, gerando assim uma suplementação financeira que o ajudava a sustentar seus onze filhos.

Dentro desse esquema, Hahnemann traduziu em 1790 o livro Matéria médica. O autor, o médico inglês Cullen, descrevia nesse tratado as principais substâncias então em uso na prática médica e tentava explicar quais os seus mecanismos de ação. Tendo ficado muito irritado com a maneira como Cullen tentava explicar o mecanismo de ação da Cinchona officinalis, uma planta usada para controlar a malária, ele decidiu experimentar em si mesmo esse remédio. Ficou então muito surpreso quando ele próprio começou a apresentar um forte surto de febre malárica!  Raciocinando sobre esse estranho fato, ele concluiu que possivelmente a mesma Cinchona, que curava a malária também podia provocá-la artificialmente.

Para testar se outras substâncias ativas possuíam também essa mesma característica, experimentou em si mesmo, uma de cada vez, várias drogas como a beladona, o mercúrio, a digitallis, o ópio, o arsênico e mais treze outros medicamentos de uso corrente na época. E, seus primeiros resultados foram confirmados: cada remédio experimentado provocava uma doença similar àquela para qual ordinariamente era receitado.

Hahnemann acreditava também na idéia hipocrática do poder curativo da natureza – o vis medicatrix naturae. Dizia ele: “Os poderes da natureza frequentemente realizam rápidas e belíssimas curas (...). Doenças graves freqüentemente melhoram sozinhas (...) também em afecções crônicas este maravilhoso poder de cura realiza a autodefesa”.

Em 1796, Hahnemann publica, na mais importante revista médica alemã da época, um ensaio intitulado “Um novo método para averiguar os princípios curativos das drogas”. Esse fato marcou oficialmente o nascimento da homeopatia.

Nesse trabalho, ele reconhecia três métodos para lidar com as doenças humanas:

1- remover ou destruir o que a está causando: essa foi, e continua sendo, a maior aspiração de qualquer médico;

2- remover os sintomas que elas causam usando remédios de efeito oposto a eles (Lei dos contrários); tratar, por exemplo, acidez estomacal com alcalinizantes, dor com analgésicos, febre com antitérmicos, etc. Todos esses remédios são paliativos e o tratamento é chamado pela medicina oficial de “sintomático”, pois visa somente os sintomas; a grande maioria dos remédios produzidos pela indústria farmacêutica são desse tipo. Hahnemann chamava-os “remédios temporários”; ele admitia que eles fossem usados para minorar o sofrimento do paciente, mas somente até que fosse diagnosticada a causa da doença;

3- usar o remédio capaz de produzir artificialmente uma doença semelhante àquela que se quer combater (Lei do semelhantes).

Foi Hahnemann o criador dos termos homeopatia e alopatia para denominar os métodos de prescrever segundo as leis dos semelhantes ou dos contrários, respectivamente. Essas duas palavras vêm do grego: homoion, similar; alloion, diferente; e pathos, doença.

Hahnemann ficou muito intrigado com sua descoberta de que a substância ativa usada em doses gradativamente menores, atenuadas, diluídas tem seu poder curativo aumentado.

À luz da lógica, isso parecia um completo absurdo! Daí ter ele encarado sua descoberta como uma revelação divina. Para nós, espiritualistas, essa idéia surgiu provavelmente através de uma intuição, fato que freqüentemente ocorre com certos cientistas.

Dando continuidade aos seus estudos, ele verificou ainda que, além da atenuação, os poderes medicinais aumentavam também com a trituração e a sucussão (do latim, sucussione, ação de sacudir). Ao conjunto desses processos Hahnemann chamou “potencialização” isto é, tornar uma substância ativa mais potente para a cura e menos potente para danificar o organismo.

 O que empiricamente Hahnemann deduzira é conhecido atualmente como a “Lei de Arnt-Schultz”, que, na época, ainda não havia sido definida. Essa lei diz o seguinte: “A célula reage aos estímulos que recebe de acordo com a intensidade deles: os de pequena intensidade estimulam a atividade vital; os de grande intensidade, a inibem e os maiores, a destroem.” Os estímulos mencionados nessa lei podem ser de vários tipos; no caso dos medicamentos, eles são químicos.

O fundador da moderna medicina experimental – Claude Bernard (1813-1878) – tinha ciência dessa lei da inversão do efeito de cura, porém, foi Hahnemann em 1796, bem antes portanto do nascimento de Claude Bernard, quem a observou e desenvolveu a metodologia para usá-la.

Em 1943, esse fenômeno recebeu o nome de “hormesis” e, através dele, explicou-se por que substâncias tóxicas em concentrações muito baixas podem tornar-se desintoxicantes. Esse fato também havia sido descrito por Hahnemann, que usou para isso venenos e toxinas.

Em 1955, foi demonstrada a influência de doses infinitesimais (quantidades infinitamente pequenas) de arseniato de sódio nos processos de desintoxicação orgânica. Nessa mesma linha de pesquisa foram publicados nos anos oitenta e noventa trabalhos relatando a diminuição da morbidade e da letalidade produzida por metais pesados, quando animais de laboratório eram pré-tratados com soluções altamente diluídas desses mesmos metais.

Apesar de contestado pela ciência oficial, esse método de desintoxicação continua fazendo parte do arsenal terapêutico da homeopatia, pois os médicos homeopatas têm tido êxito ao empregá-lo. E, como se diz em medicina, a clínica é sempre soberana.

A homeopatia é fundamentada basicamente em quatro princípios:
1o - semelhante cura semelhante;
2o - uso de somente uma única substância ativa;
3ouso de doses infinitesimais;
4o - potencialização da substância ativa.

O causador da maior polêmica para a aceitação da homeopatia pela comunidade médica – constituída na sua grande maioria por alopatas – é o terceiro desses princípios, ou seja, o uso de doses infinitesimais.

As diluições da substância ativa usada por essa modalidade terapêutica – e que resultam nas chamadas doses mínimas ou infinitesimaissão de tal ordem que quimicamente se torna impossível detectar nelas uma molécula que seja dessa substância.

E é a isso que me refiro quando no início deste capítulo menciono a “lógica inquestionávelque meus professores de farmacologia usaram para convencer a mim e aos meus colegas da ineficiência da terapia homeopática.

Para os críticos, os remédios homeopáticos são água pura e funcionam somente como um placebo. Os defensores da homeopatia alegam que a água é capaz de memorizar aquilo que havia solubilizado. Daí a expressãomemória da água”.

Vários estudos sobre água têm sido feitos ultimamente e essa linha de pesquisa tem gerado descobertas insólitas e interessantes. Eles têm mostrado que os remédios homeopáticos são diferentes da água pura e que as diluições sucessivas recomendadas pela homeopatia podem gerar agregados do remédio que foi diluído. E, segundo alguns, seriam esses agregados ou supermoléculas os responsáveis pelo efeito terapêutico desses remédios. Além disso, a possibilidade de existir uma segunda estrutura para a água também está sendo defendida por alguns pesquisadores. Maiores detalhes sobre esse assunto podem ser encontrados no livro Racionalismo Cristão e ciência experimental (ver bibliografia).

Na década de 80, os cientistas Bernard Poitevin e Jacques Beneviste fizeram várias descobertas importantes na área da homeopatia. Poitevin, médico homeopata e pesquisador, propôs a Beneviste, um imunologista muito respeitado, avaliar a atividade biológica das grandes diluições através de testes laboratoriais comumente usados em imunologia.

Esse trabalho experimental mostrou evidências da memória da água e foi publicado em 1988 na prestigiada revista Nature. Essa publicação causou muita polêmica e seus autores foram acusados de fazer pseudociência. Disso resultou o cancelamento das verbas que Beneviste tinha para financiar suas pesquisas, uma verdadeira catástrofe para qualquer cientista. Somente em 2001 a reputação de Beneviste foi novamente reconhecida pelos seus pares, pois considerou-se que em seu artigo polêmico ele havia respeitado o necessário rigor científico.

Recentemente, a existência da memória da água foi confirmada pelo grupo liderado por R. J. Dwayne Miller. Todavia, foi constatado pelos cientistas que essa “lembrançaque o remédio deixa na água é muito fugaz durando no máximo 50 femtosegundos; este fato na opinião deles invalidaria a terapia homeopática por ser um femtosegundo o equivalente a um quadrilionésimo de segundo.

Como a própria estrutura da água recentemente começou a ser estudada, parece perfeitamente possível que o parâmetrotempo de duração e eficiência da memória”, também seja algo novo nesse campo e que, portanto, não pode ser avaliado por parâmetros que até então eram considerados válidos. Nesse contexto, vale lembrar que tanto na filosofia como na ciência o conceito básico de tempo foi profundamente modificado pela teoria da relatividade de Einstein. Logo, mesmo sendo muito fugaz a memória que um medicamento tenha deixado na água, isso talvez tenha sido suficiente para alterá-la tornando-a um agente terapêutico tal como alegam os homeopatas.

O uso da água fluidificada recomendado pelo Racionalismo Cristão, e que muito apropriadamente foi chamado fluidoterapia por Antônio Cristovam Monteiro, pode dar apoio à hipótese acima. Segundo esse autor, a estrutura da água seria modificada pelos fluidos espargidos pelo Astral Superior durante o processo de sua fluidificação, fazendo dela um verdadeiro tônico para o nosso corpo físico. Ao analisar esse assunto no capítulo “A água fluidificada e seus segredos”,do livro Racionalismo Cristão e ciência experimental, aventamos a hipótese de ser o sistema imunológico o órgão-alvo da água fluidificada.

A água é uma substância de suma importância no nosso planeta e sem ela a vida não existiria na Terra; ela é também a substância mais abundante do nosso corpo – o de um adulto de 70 kg tem cerca de 45 litros de água. É, portanto, muito provável que alterações na estrutura da água possam exercer uma atividade tônica, e até mesmo terapêutica, no nosso organismo, que lançaria mão do sistema imunológico como uma ferramenta para produzir tais efeitos. Isso explicaria também o maior êxito da terapia homeopata na criança por ser o conteúdo hídrico do seu corpo ainda maior do que no do adulto.

Na concepção homeopática, a enfermidade resulta de mudanças num padrão de energia ouforça vital”; essa força é a base de todos os fenômenos físicos, emocionais e mentais; ela é também individual, ou seja, a força vital difere em suas características de indivíduo para indivíduo. A finalidade da terapia homeopática é estimular os níveis de energia da pessoa.

De acordo com a doutrina racionalista cristã, o Universo é composto de Força e Matéria, sendo a Força, ou Inteligência Universal, o elemento vital, criador de tudo quanto existe. Cada corpo vivo contém uma partícula parcelada dessa Força, que se utiliza dele para fazer sua evolução, sua ascensão. Logo, não existem seres iguais na natureza, pois a partícula da Força que os move, dá-lhes vida e incita-os é individualizada. Esse parcelamento da Força pode ser bem observado no ser humano, sendo fácil constatar que existem categorias variadas de criaturas que diferem entre si por parâmetros intelectuais, mentais, instintivos, por hábitos, usos e costumes.

Analisando-se o exposto nesses dois últimos parágrafos, não é difícil concluir que a Energia ou Força vital da filosofia homeopática nada mais é do que a Força Universal. Seria esse também o motivo de a terapia homeopática precisar ser individual, pois cada ser humano, de acordo com seu grau de evolução, tem características próprias e expressa doenças de um modo que lhe é peculiar. Por isso, a conhecida máximaNão existem doenças, existem doentes” é valorizada igualmente nessas duas filosofias, a racionalista cristã e a homeopática.

O médico George Vithoulkas nasceu em Atenas (Grécia) em 1932 e, atualmente, mora na ilha grega de Alonissos. Ele começou a estudar homeopatia na África do Sul e deu continuidade aos seus estudos em várias instituições homeopáticas da Índia. Em 1967, ele começou a dar aos médicos atenienses aulas de medicina homeopática, naquele tempo um assunto quase desconhecido na Grécia. Em 1996, pelos seus esforços para elevar a homeopatia ao nível de verdadeira ciência, ele recebeu do Parlamento Sueco o “Prêmio Nobel de Medicina Alternativa”.

Vithoulkas é atualmente o mais articulado líder do moderno movimento homeopático. Ele tentou identificar a força vital descrita por Hahnemann com o campo eletromagnético do corpo, usando a expressãoplano dinâmicopara indicar o nível fundamental onde a doença se origina. Em sua teoria, o plano dinâmico caracteriza-se por um padrão de vibrações que é único para cada indivíduo. Estímulos externos ou internos afetam o ritmo de vibração do organismo, e essas mudanças geram sintomas físicos, emocionais ou mentais. Vithoulkas acredita que cada remédio está associado a um certo padrão de vibrações que constitui sua própria essência. Quando o remédio é tomado, seu padrão de vibração ressoa com o padrão de energia do paciente e, desse modo, induz o processo de cura. O fenômeno de ressonância parece ser fundamental na terapia homeopática, mas o que é que ressoa exatamente e como essa ressonância é ocasionada ainda não foi devidamente esclarecido.

Desde que inicia o processo evolutivo em corpo humano, a partícula da Força Universal recebe o nome de espírito, sendo essa a denominação que mantém daí por diante durante toda a sua caminhada evolucionária. O espírito é luz, é inteligência, é vida, é poder criador. Ele é imaterial, pois não existe matéria em nenhum dos seus estados.

A força intranuclear do espírito exprime-se por movimentos vibratórios. Esse tipo de movimento gera ondas concêntricas em torno do seu ponto de origem. Um bom exemplo para ilustrar isso são os círculos concêntricos que se formam quando mergulhamos e fazemos vibrar uma vareta numa bacia com água. Portanto, o que Vithoulkas denomina de plano dinâmico de vibração, que é típico de cada ser humano, nada mais é do que o próprio espírito. Conforme mostraremos a seguir, considerando-se essa premissa baseada nos princípios da doutrina racionalista cristã, o mecanismo de ação da terapia homeopática pode ser facilmente explicado.

O fenômeno de ressonância pode ocorrer quando a frequência de um sistema ondulatório (o remédio homeopático) coincide com uma das frequências próprias de um outro sistema (o espírito do paciente), havendo então uma transferência de energia do primeiro para o segundo. Logo, através dos conceitos racionalistas cristãos, poderia ser explicado de uma maneira clara e lógica o mecanismo de ação proposto por Vithoulkas para a terapia homeopática.

Muito mais se poderia falar sobre esse assunto interessante e vasto. Mas, depois de expor essas idéias e hipóteses, fico por aqui. Quem sabe um dia elas poderão ser testadas experimentalmente por cientistas de mente aberta e que não dêem ouvidos ao vozerio raivoso das poderosas indústrias farmacêuticas, as maiores inimigas de terapias alternativas simples, praticamente isentas de efeitos colaterais e que permitem ao usuário cuidar de sua saúde sem precisar gastar fortunas. Pesquisas desse tipo poderiam confirmar o que dizia Antônio Pinheiro Guedes – o notável médico espiritualista – no fim do século dezenove: “A Medicina como arte de curar, é filha legítima do Espiritismo”.

Bibliografia
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SILVA, Glaci Ribeiro da. Racionalismo Cristão e ciência experimental. Cotia: Íbis, 2004. A água fluidificada e seus segredos: p. 21-28; O receituário do Racionalismo Cristão e a ciência médica atual: p. 105-118.
VITHOULKAS, George. The science of homeopathy. New York: Grove, 1980.

Alguns sites na internet sobre homeopatia:
Disponível em 06/04/2005
Disponível em 06/04/2005
Disponível em 06/04/2005
Disponível em 06/04/2005

Homeopatia: revendo conceitos
Por Dra. Glaci Ribeiro da Silva

Fonte: A Gazeta do Racionalismo Cristão

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