[...] Os planetas que giram em torno do Sol, são outros tantos mundos; portando, outras tantas escolas, para onde e por onde o espírito terá que passar na sua marcha evolutiva para a perfeição – o Grande Foco, sua fonte de origem. [...] (Pinheiro Guedes, em seu livro Ciência Espírita; 8ª ed., p. 181, 1992).

Câncer, um predador maligno cercado de mitos - Por Dra. Glaci Ribeiro da Silva

Não é petulância afirmar que o materialismo é um saber incompleto, um sistema decrépito que seleciona, de propósito, tão-somente os fatos que julga poder explicar por meio de combinações atômicas e moleculares, pela ação exclusiva de forças mecânicas, pelas  leis da  físico-químicas.” (Alberto Seabra, em A alma e o subconsciente, citado por Luiz de Mattos em Pela verdade: a ação do espírito sobre a matéria).

Até bem recentemente, falar ao público leigo sobre câncer era uma verdadeira temeridade. Câncer era um tema de muito mau gosto e que deveria ficar restrito aos médicos e estudantes de medicina; ele era um tabu social e vários eufemismos eram usados para evitar até a própria palavra. A doença, considerada um mal inescrutável, era cercada de estigmas; o pior deles, era aquele que a igualava à morte certa.

Quando se falava de alguém que estava com câncer, o tom da conversa mudava, fazia-se um silêncio desconfortável, as pessoas desviavam o olhar – tudo isso indicando a expectativa de morte. Os próprios médicos preferiam esconder esse terrível diagnóstico dos seus pacientes e somente confidenciavam – muito solenemente – a terrível verdade aos familiares dos mesmos. Todo esse panorama criou em torno da doença verdadeiros mitos; mitos esses muito semelhantes aos que anteriormente cercaram também a tuberculose. A tuberculose só foi desmistificada quando a ciência médica conseguiu descobrir sua etiologia e, consequentemente, teve recursos adequados para curá-la. E isso será certamente o que acontecerá também com o câncer.

O câncer é o resultado de mutações genéticas induzidas nas células por vários fatores, tais como vírus, radiação, substâncias químicas, etc. As células tumorais são frágeis e diferentes, tanto no seu aspecto como no comportamento que essas células tinham antes da sua transformação. A diferença essencial reside na maior capacidade de se multiplicar que a célula mutante possui em relação à célula normal.

As células normais possuem um mecanismo de comunicação que evita sua reprodução excessiva e desordenada. Por ignorarem esse mecanismo, as células malignas se tornam invasoras, bloqueando o bom funcionamento do seu órgão de origem e exercendo pressão sobre os órgãos vizinhos, por ocupar gradativamente mais espaço. Nas formas mais graves do câncer, essas células malignas separam-se da massa original e são levadas pela corrente sanguínea para outras partes do organismo onde passam a dar origem a novos tumores. Essa separação e o transporte das células são denominados metástase (do grego, metástases, mudança de lugar).

Desvendar as raízes do câncer vem sendo há muito tempo a principal meta de vários cientistas ao redor do mundo. E a cada dia vem aumentando mais o número dos possíveis vilões causadores da doença – os chamados carcinógenos ou agentes carcinogênicos. Esses vilões mantêm, de fato, uma forte ligação com o câncer, porém não parecem ser a causa básica da doença, pois, embora uma grande parte da população mundial esteja exposta a carcinógenos, somente uma pequena minoria tem, como consequência disso, um câncer.

Ninguém contesta que o câncer é, basicamente, uma doença do DNA; existem, porém, várias teorias tentando explicá-lo. As informações geradas pelo “Projeto Genoma Humano”, no ano 2000, contribuíram muito para a compreensão dos mecanismos de desenvolvimento da doença. Soube-se, assim, que o câncer não é uma doença única mas, sim, um conjunto delas, que têm características em comum e, provavelmente, causas diferentes. Portanto, falar da doença no singular é hoje uma imprecisão, pois, segundo a Organização Mundial da Saúde, já foram identificados e classificados numerosos tipos dessa patologia.

Ao ser assumida pela ciência a dicotomia cartesiana, que dividia a natureza em dois domínios – o da mente e o da matéria –, os cientistas passaram a desenvolver pesquisas e elaborar teorias sobre a mente (ou o espírito), nas chamadas ciências humanas, e, sobre o corpo físico (ou matéria), nas ciências naturais, domínio esse que inclui, entre outras áreas, a medicina.

Há quase um século os efeitos dessa dicotomia foram analisados criticamente por Luiz de Mattos em seu livro  Pela Verdade: a ação do espírito sobre a matéria. E já nessa época esse grande Mestre espiritualista, que foi o codificador da Doutrina racionalista cristã, procurava alertar os médicos e pesquisadores do erro que vinham cometendo ao interpretar fatos e criar teorias esdrúxulas tomando como base unicamente o corpo físico e deixando de lado a mente – a parte mais importante do ser humano.

O preço que pagamos por estar na época das grandes especializações é que, muitas vezes, pessoas trabalhando sobre o mesmo problema, porém em áreas diferentes, trocam poucas informações a respeito dele. Cada disciplina possui o seu jargão – sua linguagem especializada –, os seus próprios valores e métodos de comunicação; disso resulta o extravio de informações importantes, pois não existe um intercâmbio eficiente das descobertas que são feitas.

Há mais de 2000 anos a conexão entre o câncer e estados emocionais já havia sido observada e descrita por vários médicos e investigadores. Uma das mais antigas publicações sobre o tema é o De tumoribus (do latim, Sobre tumores), um trabalho escrito por Galeno, o famoso médico grego.

Em 1863 Claude Bernard volta a enfocar o tema no seu clássico tratado Medicina experimental, onde ele enfatiza que o ser humano deve ser considerado um todo harmônico; e, mesmo sendo necessária uma análise específica de suas partes, as relações entre todas elas devem ser sempre levadas em consideração.

Apesar da aparente concordância vigente entre os especialistas do final do século 19 e do início do século 20 a respeito da estreita ligação existente entre estados emocionais e câncer, o interesse desvaneceu-se frente ao surgimento da anestesia, do desenvolvimento de novos procedimentos cirúrgicos e da radioterapia. O sucesso dessas terapias físicas fortaleceu bastante o ponto de vista da maioria dos médicos: problemas físicos só podem ser resolvidos com alguma forma de tratamento físico.

Por outro lado, nessa época, os médicos começaram a encarar as tensões emocionais como inevitáveis; e, segundo eles, mesmo que elas tivessem um papel importante para o aparecimento do câncer, eles nada podiam fazer (!!!), pois não dispunham de instrumentos físicos adequados para lidar com problemas emocionais.

Uma das ironias da história da medicina é que quando a psicologia e a psiquiatria começaram a desenvolver metodologia e instrumentos para testar a ligação entre os estados emocionais e o câncer, muito tempo antes a medicina já havia perdido o interesse nesse assunto.

O resultado disso é que existem atualmente dois enfoques diferentes, tanto na literatura como nas investigações a respeito do câncer:

- os trabalhos de psicologia, descrevem a relação entre estados emocionais e o câncer, mas nem sempre conseguem explicá-la através de mecanismos psicológicos;

- a literatura médica é bem-fundamentada na fisiopatologia, mas, por desconhecer e/ou não considerar as informações divulgadas nos trabalhos de  psicologia, ela se mostra incapaz de explicar várias ocorrências observadas na doença, tais como curas “espontâneas”,  grandes discrepâncias na maneira como os pacientes reagem ao  tratamento e, até mesmo, por que, mesmo expostos a agentes carcinógenos, muitos indivíduos não desenvolviam a doença.

As emoções e os sentimentos estão intimamente ligados à sensibilidade – um dos atributos de que nosso espírito dispõe para sentir as correntes vibratórias do meio ambiente. O próprio termo “emoção” (do latim, e + movere, mover-se, afastar-se) já traz implícito em si mesmo uma ação imediata. A relação entre emoção e reação imediata fica bem explicitada nas crianças. Mas é na criatura adulta civilizada que mais freqüentemente se detecta uma anomalia: nela, as emoções – impulsos instintivos para a ação –  estão divorciadas de sua reação óbvia. E, na grande maioria das vezes, são essas respostas inadequadas às emoções, principalmente àquelas penosas e desagradáveis, que desencadeiam o estresse.

Uma rota importante que liga as emoções ao sistema imunológico é a influência que os hormônios liberados durante o estresse têm sobre esse nosso sistema natural de defesa. Durante o estresse, é estimulada a secreção de várias substâncias endógenas, tais como, as catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), o cortisol, a prolactina e os opiáceos naturais (beta-endorfina e encefalina). Cada uma dessas substâncias exerce um forte impacto sobre as células imunológicas e, através de reações complexas, acabam obstruindo suas funções de destruir células malignas. O estresse acaba com a resistência imunológica: se a sua duração for curta, essa inibição é temporária mas, se ele for constante e intenso, a inibição pode se tornar duradoura, ou seja, existe uma supressão do sistema imune. Sem sua defesa natural, o organismo sucumbe facilmente a todo tipo de agressões;  até mesmo àquelas idênticas   às que eram repelidas com sucesso quando o sistema imune se encontrava hígido e saudável.

Não é, porém, a presença do estresse – considerado uma síndrome típica do mundo civilizado da qual raramente se consegue escapar – mas sim a maneira como se reage a ele que faz a diferença tanto para que o câncer se manifeste, como também para a evolução positiva ou negativa da própria doença.

O pleno funcionamento das defesas naturais do organismo é importante na prevenção do câncer; porém, de maior importância ainda é saber manter o sistema imunológico alerta e hígido quando a doença já se manifestou. Esse assunto foi tema de uma comunicação doutrinária, da qual transcrevemos abaixo um trecho, dada em 2003 por Augusto Gomes da Silva, o fundador da Casa racionalista cristã de Campinas (SP) e, até recentemente, o seu Presidente Astral.
Site - Filial Campinas

Nem sempre o corpo físico se mantém saudável. Porém, se no comando desse corpo físico estiver um espírito forte, esse corpo perde sua fragilidade porque sabe lutar e vencer uma doença séria quando ela aparece. É muito importante saber enfrentar um revés com muita serenidade, muita calma e muito bom humor, se possível for. De nada adiantam lamúrias, de nada adianta o espírito de derrota. Muito pelo contrário, [é necessário] procurar levar uma vida normal, procurar se alimentar adequadamente e ter pensamentos elevados."

A quimioterapia oferecida a pacientes com câncer, fonte de grande lucro para as indústrias farmacêuticas, é agressivamente citotóxica e inespecífica, pois visa somente destruir células com alto potencial de divisão como são as células cancerosas. Algumas células normais encaixam-se, porém, nesse mesmo perfil; e o exemplo mais visível  que confirma isso é o efeito dos quimioterápicos sobre as células epiteliais,  produzindo a queda de cabelo que classicamente ocorre quando os pacientes com câncer são submetidos a esse tipo de tratamento drástico.

Embora a queda dos cabelos seja o efeito colateral negativo mais visível induzido pelos quimioterápicos, ele está longe de ser o mais grave. A grande tragédia decorrente do uso dessas drogas devastadoras é a destruição dos linfócitos, que é uma das células mais importantes do nosso sistema imunológico e, da mesma forma que as células epiteliais, também possui um alto potencial de multiplicação.

A quimioterapia ideal deveria ter baixa toxicidade e ser combinada  com o tratamento imunológico, tendo o objetivo tanto de vacinar o indivíduo contra a volta do tumor, como também de aumentar suas defesas basais.

Esse novo enfoque na terapia do câncer poderá em breve se tornar realidade pois os cientistas estão transformando numa estratégia para combater o câncer os importantes conhecimentos adquiridos recentemente sobre o papel que as células dendríticas desempenham na imunidade contra micróbios e toxinas.  (Nota de Rodapé: Tema desenvolvido no capítulo “A Gata Borralheira do sistema imunológico” deste livro)

A questão agora é aperfeiçoar o método e testá-lo num número maior de pacientes. As vacinas contra câncer baseadas em células dendríticas só foram testadas em pacientes com a doença em estágio avançado. Mas, embora os pesquisadores acreditem que os pacientes de câncer num estágio inicial possam responder melhor à terapia – pois seus sistemas imunológicos ainda não tentaram erradicar seus tumores – é preciso considerar, primeiro, vários problemas potenciais, como por exemplo, que essas vacinas possam induzir os sistemas imunológicos dos pacientes a atacar por engano tecidos sadios.

Esses, no entanto, são projetos para o futuro – esperamos que bem próximo. Portanto, saber administrar corretamente as emoções e procurar detectar precocemente a patologia continuam sendo ainda as principais armas contra o câncer.

Bibliografia
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MATTOS, Luiz de. Pela verdade. 9. ed. Rio de Janeiro: Centro Redentor, 1983. A medicina moderna precisa ser completada: p. 92-94.
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SILVA, Glaci Ribeiro da. Racionalismo Cristão e ciência experimental. Cotia: Íbis, 2004. O cultivo do bom humor: p. 37-43.
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Por Dra. Glaci Ribeiro da Silva

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